Há 40 anos, João Paulo II abençoava os avareenses

Há 40 anos, João Paulo II abençoava os avareenses

legenda: O jornalista avareense Marcello Zanluchi teve a honra de conviver de perto com João Paulo II

Fonte da Foto: Arquivo pessoal

Gesiel Júnior

Primeiro chefe da Igreja Católica a conceder, por escrito, uma bênção para os fiéis de Avaré e região, São João Paulo II recebeu, no decorrer do seu longo pontificado – entre os anos de 1978 e 2005 – algumas personalidades ligadas à cidade. O elo dos avareenses com o chefe espiritual de mais de um bilhão de católicos em todo o mundo deu-se de maneira expressa em abril de 1980.

Atendendo ao pedido formulado pelo padre Almir dos Santos Pereira, então titular do Decanato de Nossa Senhora das Dores, que abrangia as paróquias de Avaré, Águas de Santa Bárbara, Cerqueira César e Manduri, a Secretaria de Estado do Vaticano encaminhou a mensagem papal quando os católicos festejavam os 25 anos de episcopado do arcebispo de Botucatu, dom Vicente Marchetti Zioni.

“Mais deseja o Santo Padre que haja nessa região pastoral um revigoramento na fé cristã, pela confissão de uma só fé, na unidade do amor de Deus e na caridade fraterna”, diz o texto da mensagem assinada pelo cardeal Agostino Casaroli, secretário de Estado do Vaticano, que era então o número dois na hierarquia católica. “Em penhor de graças divinas, para todos os fiéis de Avaré e região, o Papa lhes concede a implorada benção apostólica”, termina de forma solene a carta.

Dom Zioni (1911-2007), que tinha por Avaré grande cuidado pastoral a ponto de ser contemplado com o título de cidadania, encontrou-se várias vezes com João Paulo II, a primeira, em junho de 1980, quando esteve na Itália. Dois anos depois o arcebispo inaugurou na cidade a “Sede João Paulo II”, nome dado ao salão comunitário da Paróquia de São Benedito.

Outros sacerdotes que trabalharam em Avaré também conheceram pessoalmente o carismático papa polonês, dentre os quais o padre Gabriel Dárida, religioso italiano que antes de conduzir a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima havia sido superior geral da Ordem Teatina.

MOMENTO TOCANTE - Ter a oportunidade de falar com o maior líder do catolicismo não é algo fácil porque a agenda pontifícia é repleta de compromissos pastorais e de atividades diplomáticas, já que o papa é também soberano do Estado do Vaticano, o menor país do planeta.

Entretanto, um leigo avareense, o jornalista Marcello Zanluchi teve a honra de conviver de perto com Karol Wojtyla, o nome civil de João Paulo II. Quando fazia estágio na Rádio Vaticano em 2004, ele via o papa com frequência em Roma, no período em que fazia a redação do programa brasileiro contendo informações da Igreja, bem como matérias sobre temas religiosos, sociais e culturais.

Antes de voltar ao Brasil, Zanluchi recebeu uma bênção pessoal do pontífice polonês. O inesquecível encontro teve lugar no Palácio de Castelgandolfo, a residência de verão dos papas, nos arredores de Roma, na manhã de 11 de agosto de 2004, quando ele já estava muito debilitado e morreria meses depois. “Merecer um afago de um santo foi uma graça num dos momentos mais tocantes de minha vida”, reconhece.

LÍDER MAIS INFLUENTE DO SÉCULO XX - Nascido em Wadowice, no Sul da Polônia, em 18 de maio de 1920, Karol Józef Wojtyla era filho de um militar reformado. Órfão de mãe aos 9 anos, na juventude ele estudou artes cênicas e literárias, mas optou por ingressar clandestinamente, durante a 2ª Guerra Mundial, no seminário de Cracóvia. Ordenado sacerdote em 1946, em seguida cursou teologia em Roma, onde também doutorou-se em filosofia.

De volta à Polônia, inicialmente trabalhou como pároco numa aldeia. Depois, foi professor universitário e, em 1958, o Papa Pio XII o nomeou bispo-auxiliar de Cracóvia. Participou ativamente do Concílio Vaticano II, tendo sido promovido a arcebispo em 1964 e a cardeal, três anos depois. Era célebre o seu trabalho de erguer igrejas, apesar da forte oposição do regime comunista.

Em 1978, aos 58 anos de idade, quebrou a tradição de mais de 450 anos de escolher papas de origem italiana. Poliglota, distinguiu-se pelas 129 viagens feitas a países dos cinco continentes. No dia 13 de maio de 1981 sofreu um atentado a tiros na Praça de São Pedro. Passou desde então a enfrentar graves problemas de saúde. Devoto da Virgem Maria, a ela dedicou com confiança a sua vida e as suas dores e provações.

João Paulo II concluiu seu pontificado, o terceiro maior da história, em 2 de abril de 2005 e ao seu funeral compareceram dezenas de milhares de pessoas que já o viam como santo. Aclamado como o mais influente líder do século vinte, Wojtyla foi beatificado por seu sucessor, Bento XVI, em 2011. Três anos depois, o Papa Francisco o canonizou.

Compartilhar:
Veja Também