“Indignação e revolta. Essas são as palavras que definem o sentimento de todos nós, trabalhadores da massa falida da filial da Staroup. Há 15 anos esperamos, com a esperança esgotando, por algo que é nosso por direito”, afirma um grupo de ex-funcionários da filial da Botucatu Têxtil, fabricante da famosa marca de jeans brasileira Staroup, em Avaré, cujo prédio foi leiloado em setembro do ano passado. 

O grupo de ex-operários da empresa que atuou na cidade durante 30 anos protestou esta semana diante do que consideram descaso da justiça trabalhista. “Poder Judiciário: os ex-funcionários da Staroup pedem ajuda para receber seus direitos trabalhistas” diz uma das faixas carregadas pelos reclamantes.

“O Ministério Público e os advogados que deveriam nos representar sequer atendem nossas ligações. Quando respondem, fazem com ironia, como se nossa luta fosse motivo de piada. Somos tratados como invisíveis”, denunciam.

Em mensagens postadas nas redes sociais, indignados, os ex-funcionários questionam: “Famílias inteiras (pais, mães e filhos) dedicaram anos de suor àquela empresa. O que recebemos em troca? Silêncio, humilhação e a certeza amarga de que nossos sonhos foram roubados. O dinheiro que nos é devido fez e ainda faz falta. Quantas metas deixaram de ser alcançadas? Quantas vidas foram prejudicadas por essa espera interminável?”.

LEILÃO DO PRÉDIO - Abandonada há vários anos, a propriedade que abrigava a Staroup de Avaré foi a leilão, em setembro, por metade do valor original. Como não houve lance na primeira tentativa de venda, o prédio, com 6.923 m², avaliado em mais de R$ 5,3 milhões, teve lance inicial de R$ 2,6 milhões.

O prédio acabou sendo vendido mesmo por R$ 2,6 milhões em um leilão judicial, que foi arrematado pela empresa PSC Mecânica, de Botucatu.

O certame de venda em leilão determinado pela Justiça foi conduzido pela plataforma Positivo Leilões. Ao todo, 13 interessados participaram da disputa. O leilão deste imóvel integra o processo de liquidação dos ativos da Botucatu Têxtil, cuja falência foi decretada em 2012. A venda do patrimônio da Staroup está sendo realizada em etapas.

A notícia da venda do imóvel motivou os ex-funcionários a brigarem para receberem judicialmente os valores reclamados, mas até agora nada foi feito neste sentido.

 “Chega de ser motivo de chacota por ainda acreditar na justiça. Nós exigimos nossos direitos! Não estamos pedindo favores, estamos cobrando aquilo que é nosso por lei”, argumentam os ex-operários da Staroup. E concluem seu protesto com indignação: “Respeito e dignidade não deveriam ser opcionais, mas é isso que tem nos faltado nesses longos anos de abandono”.

FONTE: JORNAL A COMARCA