Cresce invasão de terrenos às margens da ferrovia

legenda: Loteamento clandestino já atinge toda Rua Francisco Gurgel Pismel na Vila Martins III
Fonte da Foto: O VictorianoHá pouco mais de um mês o Jornal O Victoriano trouxe uma reportagem alertando sobre a invasão de terrenos às margens da linha férrea, mais precisamente na Vila Martins III, em trechos ao longo da Rua Francisco Gurgel Pismel onde até mesmo um pequeno barraco já havia sido erguido.
Conforme informações de moradores vizinhos, os primeiros lotes foram demarcados por pessoas que simplesmente chegaram e se apropriaram dos terrenos, o que motivou outros a fazerem o mesmo e assim o loteamento clandestino foi se formando. São muitas as afirmações de que está ocorrendo até mesmo uma espécie de “especulação imobiliária” no local, com anuncio de vendas de lotes que podem variar entre R$ 10 mil e R$ 20 mil.
Na manhã de quarta-feira, 19, O Victoriano esteve no local e constatou que as demarcações de lotes já se estendem praticamente por toda Rua Francisco Gurgel Pismel (como mostra a foto ao topo), e que as queimadas que estão ocorrendo quase que diariamente demonstram que são os “donos” dos lotes que estão ateando fogo para que a capinação do terreno se torne mais fácil.
A reportagem do O Victoriano conversou com duas pessoas que demarcaram seus lotes as quais afirmaram que procederam dessa forma com intuito de “saírem do aluguel”, já que não conseguem casa própria para abrigarem suas famílias. “A gente sabe que isso é ilegal, mas os terrenos estão aí e já que todo mundo tá pegando a gente pega também e espera que a prefeitura faça alguma coisa pra legalizar isso”.
Já são pelo menos três barracos erguidos no local com pessoas morando, e vários outros estão cercados com pequenas hortas formadas e em plena produção. Percebe-se que alguns lotes foram supostamente ocupados por moradores que possuem residência na Avenida João Vítor de Maria.
DEMARCAÇÕES E INSEGURANÇA
As primeiras demarcações de lotes surgiram nas imediações do cruzamento das ruas Francisco Gurgel Pismel e Higino Rotelli, próximas à passagem de pedestres pela linha férrea, assim como o primeiro barraco erguido que tem inclusive um veículo (perua) estacionado.
Em pouco mais de um mês as demarcações foram ganhando os terreno e hoje são vistas ao longo de praticamente toda Rua Francisco Gurgel Pismel. O loteamento clandestino é visível e isso tem preocupado os moradores da vizinhança que temem pelo surgimento de uma favela e o crescimento desorganizado do bairro.
Há rumores de que existe um poço perfurado num dos terrenos ocupados, pondo em risco a vida daqueles que transitam diariamente por ali, principalmente crianças. “Já convivíamos com o problema do abandono desses terrenos, aonde o lixo e o mato vinham tomando conta. Agora vem essa invasão que precisa de atenção por parte da prefeitura”, dizem os moradores que não querem se identificar por temerem represálias por parte de pessoas que estariam se aproveitando da ocasião para comercializar lotes.
MAIS INVASÕES
O abandono da malha ferroviária ao longo dos anos tem motivado cada vez mais as invasões de terrenos que margeiam linhas férreas, e Avaré é um exemplo disso há mais de 30 anos. São visíveis as ocupações que hoje se tornaram endereços fixos de famílias, como as que ocorreram às margens da Rodovia Avaré-Cerqueira, ou na estrada rural que leva a Barra Grande (imediações dos barracões do IBC).
Outro exemplo foi a formação da Favela da Biquinha, no Bairro Jurumirim, um problema social que se arrastou por quase três décadas e que agora está as voltas com a possível formação de uma nova favela na Vila Martins III.
E as invasões não param por aí, pois são notáveis as demarcações que estão surgindo ao longo da estrada vicinal Avaré-Itatinga, na zona rural da cidade, onde até mesmo criação de gado estaria sendo recolhida em lote clandestino.
AUTORIDADES
O Jornal O Victoriano apurou que pessoas ligadas à Prefeitura já estiveram no local, assim como o caso já foi assunto de requerimento na Câmara Municipal. Até mesmo a Polícia militar teria alertado alguns invasores sobre a ilegalidade da questão, mas não tem poder para agir sem determinação judicial.
Enquanto isso o loteamento clandestino vai crescendo...